Dinheiro sem fronteiras?

As novas tecnologias devem servir para tornar nossa vida mais simples, facilitando tarefas de modo a nos permitir mais tempo livre para vivermos como quisermos. Quando se pensa em enviar recursos para o exterior, o que vem à cabeça é a complicação de se fazer isso em um banco. A startup Transferwise, que se compara ao Skype e ao Airbnb em inovação, promete mudar as transferências internacionais, tornando tudo mais simples e barato.

A história contada pela empresa é de que os fundadores, Taavet Hinrikus e Kristo Käärmann, tiveram a ideia por viverem essa situação. Taavet morava em Londres, mas trabalhava para o Skype na Estônia e era pago em euros; Kristo trabalhava na Inglaterra, mas tinha hipoteca em euros na Estônia.

Mensalmente, viam a taxa média de mercado no Reuters e se acertavam. Kristo transferia libras para conta de Taavet no Reino Unido, e Taavet pagava a hipoteca do amigo em euros na Estônia.

Hoje replicam em larga escala o que faziam. Ou seja, Jack e Linda no Brasil querem transferir reais para os EUA, e Mariana e José em Nova York querem enviar libras para as famílias aqui. A Transferwise usa os reais de Jack e Linda para dar às famílias de Mariana e José. O dinheiro não atravessa fronteiras.

Segundo a startup, 60% das transferências são feitas assim. A diferença é paga com recursos de contas da empresa nos dois países. O dinheiro não sai do país nem é trocado no mercado de câmbio. Com contas bancárias em mais de 50 países e clientes espalhados pelo mundo, um algoritmo localiza outras transferências e as compensa.

A startup afirma que os bancos cobram câmbio exorbitantes. Em um comercial, diz que sua taxa de câmbio é a real e alega economizar até 90%. “A cada 1000 libras que você transfere, cobramos 50.”

A prática operacional não é nova: chama-se “dolar-cabo” e também é usada por doleiros (neste caso, ilegalmente, em transações não registradas). A Transferwise afirma que registra tudo formalmente e trabalha em parceria com bancos brasileiros autorizados, atuando de forma estritamente legal.

A empresa tem mais de um milhão de clientes no mundo e transfere 800 milhões de euros por mês! Apesar do volume e de ter valor de mercado de US$ 1 bilhão, ainda não tem lucro.

Leia mais e veja um vídeo nesta matéria da Bloomberg.